Médicos que atuam nas unidades prisionais de São Luís e de outros municípios do Maranhão estão parados há dois meses por atrasos nos salários. Eles também denunciam falta de condições de trabalho. De acordo com uma médica que não quis ser identificada, há irregularidades no contrato de prestação de serviço e os atrasos nos salários tem sido frequentes nos últimos três anos.

“Três meses sem salários… setembro, outubro e novembro. Essa contratação irregular é feita através de terceirizadas que a Secretaria de Saúde contrata para prestarem efetivação dos serviços médicos. No entanto, não há nenhuma garantia que essas terceirizadas repassem o dinheiro dos pagamentos ou mesmo que elas mesmas recebam os pagamentos”, afirmou a médica.

Na cidade de Imperatriz, localizado a 629 Km de São Luís, uma outra médica relatou a dificuldade para receber o salário.

“Nosso estado não está fazendo o repasse correto e devido nas datas certas, não está sendo honrado. Então eu acredito que mesmo que esse dinheiro cair não vai dar pra pagar nem os juros e nem a difamação e a calúnia que nós estamos passando”, contou.

Além dos salários atrasados, em uma denúncia feita no Conselho Regional de Medicina os médicos reclamam de insegurança no atendimento aos detentos e condições precárias de trabalho. Segundo uma outra médica, já faz dois meses que as unidades prisionais estão sem serviço médico e sem medicamento.

O Conselho Regional de Medicina cobrou um posicionamento e o pagamento dos salários à empresa responsável pela contratação dos médicos. Segundo Abdon Murad, presidente do CRM-MA, é preocupante a falta de assistência nos presídios. Além disso, com a falta de médicos os presos que deveriam ser tratados dentro dos presídios são levados para hospitais públicos que já enfrentam a falta de leitos.

“Isso preocupa porque, além do médico não receber, os presos eventualmente podem ficar sem esses médicos e isso piora a saúde de quem já está ali dentro com problemas graves, às vezes, e que precisa de assistência médica. Matar no nascedouro a doença é melhor do que deixar evoluir e ter que levar para um hospital que não tem leitos suficiente. É problemático”, declarou Abdon.

A Secretaria de Estado da Saúde disse que os profissionais são pagos por meio de uma organização social contratada para isto e informou que o atraso no repasse se deu por causa de falhas na prestação de contas da empresa, o que resultou na rescisão do contrato no fim do ano passado. A Secretaria de Saúde também disse que os pagamentos serão feitos assim que a empresa regularizar a prestação de contas.

(Informações do G1;MA)