O agiota maranhense Josival Cavalcanti da Silva, conhecido como Pacovan, enviou áudio em tom ameaçador para uma testemunha considerada chave nas investigações que envolvem manipulação de recursos públicos da prefeitura de Miranda do Norte com o deputado federal Júnior Lourenço e seus laranjas, identificados como sendo Diego Figueiredo, seu irmão Thiago, as empresas DF Figueiredo e Golden, e um outro, com laços familiares próximos com um certo Hermano, que faz parte do esquema, comandando a ramificação de Bacabal através dessas empresas do parente.

O Portal AZ conseguiu com exclusividade o áudio de parte da conversa em que o agiota chega mesmo a falar sobre pistolagem na conversa com o seu interlocutor.

Tudo começou com uma desavença entre os próprios laranjas, os testas-de-ferro do negócio, que recebem parte do dinheiro que irriga as suas contas bancárias. Há a discórdia porque um dos laranjas não cumpriu o acerto financeiro com o investidor, e, neste negócio, um dos envolvidos se sentiu prejudicado e resolveu falar, mostrando todos os elementos de prova que tem para desmontar a quadrilha que saqueou o Maranhão em milhões de reais anualmente, tudo sob o comando de agiotas e, na parte de negociação das emendas parlamentares, conduzidas pelo deputado federal, Júnior Lourenço.

Lourenço é um velho conhecido da polícia e do Ministério Público, já tendo sido denunciado mais de uma vez, e somente foi candidato às custas de uma liminar que suspendeu a impugnação à sua candidatura. Lourenço já teve também os seus bens bloqueados, na ordem de 10 milhões de reais, sendo eleito em um esquema milionário, comandado pelo agiota Pacovan, que fez dele o seu candidato preferido, patrocinando milhões de reais que inundaram a campanha de Lourenço em mais de 150 municípios maranhenses, onde foi muito bem votado, obtendo quase  120 mil votos. Segundo a própria investigação, Júnior Lourenço teria gasto mais de 50 milhões de reais na campanha, a mais cara do Maranhão.

O esquema funciona com o financiamento das campanhas políticas patrocinadas pelos agiotas, que bancam as despesas dos candidatos, e, depois, como pagamento, recebem os serviços públicos de lixo, hospitais, merenda, fornecimento de material de expediente e consumo, empresas terceirizadas de mão-de-obra, locação de veículos, motocicletas, máquinas e outros implementos, tudo a preços astronômicos, que multiplicam por dez vezes o valor investido.

Para se ter uma ideia, uma máquina adquirida por R$ 500 mil  é alugada para as prefeituras por R$ 80 mil ao mês, o que significa dizer que, pela hora da máquina, ela teria que trabalhar 30 horas por dia, em todos os dias do mês, e ainda assim não conseguiria chegar aos valores pagos a título de aluguel do equipamento.

Também consta do negócio a construção de estradas vicinais e estradas interligando os povoados, sempre a preços astronômicos. Este tem sido um negócio muito rentável para a quadrilha, sendo que as estradas municipais estão todas recuperadas, mas com preços estratosféricos, já que o negócio é terceirizado  através dos laranjas e suas empresas, para o pagamento final aos agiotas que financiaram a campanha, e são os donos verdadeiros dos negócios.

É aquela velha combinação explosiva dos negócios públicos com os interesses privados, fonte maior da corrupção e dos desatinos administrativos e financeiros dos municípios brasileiros, e maranhenses, neste particular.

Advogados ouvidos pelo Portal AZ afirmam que foro privilegiado do deputado Junior Lourenço não o alcança em casos anteriores ao mandato, e toda a investigação corre mesmo na justiça federal e comum do Maranhão. Os precedentes do Senador Flavio Bolsonaro e do Ministro do Turismo mostram exatamente isso, o que significa dizer que o STF não é competente para apreciar a questão envolvendo Lourenço.

Segundo o Portal AZ apurou, o informante da polícia admitiu conceder entrevista ao Fantástico,  da rede Globo de televisão, para fazer em Miranda do Norte o quadro ‘cadê o  dinheiro que estava aqui’, não se sabendo se o repórter ‘secreto’ Eduardo Faustini já esteve na cidade, mas esse material somente pode ser divulgado depois do depoimento da testemunha para os promotores e delegados.

Para piorar a situação, foram exatamente as ameaças do agiota chefe do esquema que apressaram o depoimento da testemunha chave da investigação que envolve a organização criminosa da agiotagem em prefeituras no Maranhão.

Ouça abaixo: