Relatório da Polícia Federal (PF) produzido no bojo da Operação Pegadores aponta cobrança de propina, na estrutura da Secretaria de Estado da Saúde (SES), por Rosângela Curado (PDT), ex-subsecetária de Saúde do Maranhão.

Interceptações telefônicas que tiveram como alvo diretores de institutos contratados pelo governo e funcionários da Saúde, sugerem que Curado chegava a cobrar até 10% do valor dos contratos.

É o que aponta um diálogo interceptado pela polícia entre José Inácio Guará, um dos diretores do ICN, e um homem identificado apenas como Joe.

Na conversa, travada no dia 21 de março de 2015, eles comentam as articulações políticas do Palácio dos Leões na cidade de Imperatriz – onde Curado foi candidata a prefeita em 2016 -, quando referem-se à atuação da então subsecretária e citam a cobrança de propina.

“Ajeitar”

No relatório, a PF afirma que se poderia cogitar que, nesse caso, Guará estava apenas “maldizendo uma servidora pública”, sem que houvesse maiores elementos que pudessem comprovar a prática.

Ocorre que um segundo diálogo interceptado, já no dia 27 de maio daquele ano, reforçou a tese de cobrança de valores indevidos pela servidora.

A conversa gravada ocorreu entre Rosângela Curado e Luiz Luiz Marques Barbosa Júnior, seu então assessor. Na ocasião, eles utilizam as expressões “ajudar”, “ajeitar” e “arrochar”, referindo-se a um empresário identificado como Ricardo.

Propina rastreada

Para confirmar que os diálogos realmente tratavam da cobrança (e do pagamento) de propina ao núcelo ligado a Rosângela Curado, a Polícia Federal rastreou o caminho percorrido por recursos públicos que saíram da SES e foram parar numa conta da pedetista.

Um dos pagamentos foi feito pela DV Informática, no dia 17 de abril de 2015. Naquela data, foram depositados R$ 20 mil para a subsecretária.

Inicialmente, a transferência não levantou suspeitas da PF, porque a DV Informática não tem contrato com o Estado. Ocorre que, no mesmo dia, essa empresa havia recebido um pagamento de R$ 50 mil da R.D. Tecnologia Ltda, que mantinha contrato direto com a SES, e havia recebido, um dia antes, mais de R$ 1 milhão em pagamento oriundo da pasta.

“A triangulação para o pagamento da vantagem indevida resta ainda mais evidenciada quando verificamos que no dia anterior ao pagamento da propina, a empresa RD Tecnologia Ltda foi beneficiada com pagamento de R$ 1.276.500,00. No mesmo dia, Karina Mônica Braga Aguiar, operadora da empresa Bem Viver e daquelas que circundam essa OCIP, incluída a RD Tecnologia, também foi beneficiada com recebimento de R$ 5 mil”, destaca relatório da PF.

Outro detalhe que chamou a atenção dos federais: dentre os sócios da DV Informática está Celsenio de Sousa Araújo, que chegou a ser nomeado assessor de Programas Especiais da Subsecretaria de Saúde. Era subordinado a Curado, portanto.

Idac

A PF rastreou, ainda, um pagamento da ordem R$ 34 mil oriundos de H. M. Duailibe Gomes. Ltda. Nesse caso, a triangulação, segundo os investigadores, envolveu o ex-marido de Rosângela Curado, Paulo Curado.

Aponta o relato policial que entre os dias 14 e 15 de julho de 2015, o Instituto de Desenvolvimento e Apoio à Cidadania (IDAC) pagou R$ 225 mil a H. M. Duailibe, que transferiu R$ 35 mil a Paulo Curado. Este, por sua vez, repassou R$ 34 mil à pedetista.

Via Blog do Gilberto Léda